UM INTRUSO NO PORÃO

Neste ano vimos às manifestações na França sobre o aumento da idade para aposentadoria, uma pauta de governos conservadores que instigaram a sociedade francesa pelo crescimento da extrema direita no país. O filme “Um intruso no Porão” (L’Homme de la Cave, 2021) de Phillippe Le Guay é uma aula sobre intolerância e o deterioro das relações humanas. No lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” inspirado no seio do iluminismo e na razão do humanismo, este filme é provocativo e nos mostra a decadência da cultura ocidental, que se denomina moderna, sofisticada e solidaria.
Um senhor se interessa por comprar um deposito no porão de um prédio antigo. O deposito é uma extensão do apartamento que é uma herança familiar, acompanhada de uma historia de colaboracionismo no governo de Vichy, de antissemitismo e deportações em massa de judeus franceses para os campos de concentração. Um senhor aparentemente comum, Jacques Fonzic, professor de historia e um negacionista do holocausto judeu. O filme mostra uma França intolerante e pouco democrática, mais desperta sentimentos que dividem a sociedade francesa, a xenofobia e o antissemitismo que aflora a cada eleição.
Filmes franceses que tratam o tema da intolerância e nos permite fazer uma reflexão sobre a atual sociedade brasileira, que se divide em um maniqueísmo politico sobre o futuro do nosso país. “A Chave de Sarah” (Elle s'appelait Sarah, 2011) de Giles Paquet-Brenner, um filme emocionante e que não deixa ninguém impávido pela sua profundidade. Uma menina tranca o irmão no armário, para protegê-lo dos nazistas, enquanto a família e levada para o Velódromo de D’Hiver. O diretor Louis Malle, uma referencia no cinema francês, realiza “Adeus, Meninos” (Au revoir les enfants, 1987) um filme enternecedor, onde a solidariedade e a compaixão ao perseguido nos mostra que ainda há esperanças na humanidade. No filme “Amor e Ódio” (La Rafle, 2010) dirigido por Roselyne Bosch, com atuações brilhantes de Jean Reno e Mélanie Laurent. Um filme que narra a historia de uma família de judeus que serão internados no Velódromo D’Hiver, onde 13 mil pessoas foram confinadas e enviadas para os Campos de Extermínio.
Se o tema é intolerância e antissemitismo, um filme do realizador romeno Radu Mihaileanu é imperdível, trata-se de “O Trem da Vida” (Train de Vie, 1998), uma comedia irônica com coprodução da França, Bélgica, Holanda, Israel e Romênia. Em 1941, boatos de uma eliminação de judeus provenientes das hordas nazistas com o apoio dos colaboracionistas de Vichy, faz com que uma comunidade do interior da França organize uma falsa deportação em um trem que atravessará a Europa Central e chegará até a Palestina. A ideia surgiu do louco da aldeia e para isso, judeus terão que interpretar o papel de deportados e outros de carrascos, produzindo um caos no relacionamento da comunidade. Um filme impressionante e maravilhoso deste realizador Romeno que também dirigiu “O Concerto” (2009) sobre a decadência das Artes na Rússia pós-comunismo e “A fonte das Mulheres” (2011) sobre a decadência do machismo e o empoderamento das mulheres em um vilarejo no norte da África.
A cinematografia como uma fonte de inspiração e analise da humanidade. O filme “Um intruso no Porão” pode ser assistido pela Youtube, Google Play, Amazon Prime e pela Apple TV.

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