A HISTORIA DO CINECLUBISMO E SUA IMPORTANCIA AS ARTES CINEMATOGRAFICAS

O papel do cineclubismo na historia do Cinema passa por uma dependência e complementaridade, tanto de apreciação como de produção. Em 1923, na Residência de estudantes de Madri, se realizam as primeiras sessões cineclubistas onde participaram Buñuel, Dalí, Garcia Lorca e Alberti, entre outros representantes das artes e da literatura e que serão esparzidos pelo mundo pós Guerra Civil Espanhola, entre 37 a 39. Em 1925, se funda o primeiro Cineclube organizado em estatuto com bases definidas que saiu na revista francesa Ciné Club, organizada por Louis Delluc. Más tarde na França, nasce a Tribuna Livre do Cinema, inaugurando a tradição de sessões semanais seguidas de debate.
O México cria seu primeiro Cine Club em 1932, quatro anos depois, a França funda a Cinemateca Francesa. Em 1952, o Uruguai cria a sua Cinemateca, espaço de exibição e reunião de admiradores das artes cinematográficas. Em 1955, a Universidade Católica cria o Instituto Fílmico e Pedro Chaskel funda o Cine Club da Universidade de Chile. Em 1962, o Cine Club de Viña del Mar e no ano seguinte o Cine Club da Universidade de Valdivia, localidades chilenas onde se realizam os principais festivais de cinema na atualidade.
Cineastas consagrados como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Eric Rohmer e Jacques Rivette, nomes da nouvelle vague, eram assíduos frequentadores de cineclubes e da Cinemateca. O Neorrealismo italiano e o Cinema Novo Brasileiro também são influenciados por cineclubes, mostrando sua extrema importância no desenvolvimento do cinema mundial.
No Brasil os primeiros pioneiros se reuniram nos cinemas Íris e Pátria do Rio de janeiro, em 1927, e após as sessões debatiam os filmes, mas não foi regulamentado como Cineclube. O primeiro Cineclube brasileiro legalizado foi o Chaplin club, criado no Rio de Janeiro em 1928. Além das sessões com debate, produziu a revista O Fan. Nos anos 40, na faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, foi criado o Clube de Cinema de São Paulo, movimento que durou algumas sessões e acabou interditado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do ditador Getúlio Vargas. O Cineclube Paulista, conta com a presença de Paulo Emilio Salles Gomes, que se tornará em um dos principais críticos do cinema brasileiro. Em 1946, o Clube de cinema passa a ser referencia para os cineclubes atuais, fazendo sessões, cursos e seminários, sendo à base da Cinemateca Brasileira. No mesmo ano foi criado o clube de Cinema da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. Em 1947, o Clube de Cinema de Minas Gerais e seu Centro de Estudos Cinematográficos, em 1951. O Clube de Cinema de Porto Alegre, em 1948. Cineclubes em Santos, Fortaleza, Salvador, Florianópolis, Marília e outras cidades. Entre 1940 e 1950, a movimentação cineclubista surge das universidades, museus e escolas.
A partir de 1960, a influencia da Igreja Católica é importante na consolidação dos cineclubes no país, como o Cineclube Belo Horizonte, que antes era o Cineclube Ação Católica; o Cineclube Pro-Deo, de Porto Alegre; e o Centro Dom Vital, em São Paulo, chegando aproximadamente 100 cineclubes católicos. Entre 1950 e 1960, os cineclubes começam a se organizar em federações. A partir de filiações internacionais como a Federação Internacional dos clubes de Cinema (FICC) e da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF), para a obtenção de cópias de cinematografias estrangeiras. Em 1956 foi criado o Centro dos Cineclubes do Estado de São Paulo, CCESP, e em 1958 foi fundada a Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro. Em 1959 foi realizada, em São Paulo, a I Jornada de Cineclubes, com a participação de dezesseis cineclubes. A organização em federações continua na década de 1960, como a Federação de Cineclubes de Minas Gerais e a Federação Gaúcha. Houve também, em 1962, a fundação do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), dentro da III Jornada de Cineclubes, com o intuito de organizar e direcionar as atividades cineclubistas do país.
No Brasil, a partir do Ato Institucional nº 5, em 1968, havia aproximadamente 300 cineclubes e seis federações regionais, no ano seguinte quase todos os cineclubes e federações desapareceram inclusive o Conselho Nacional de Cineclubes. Em 1970, os cineclubes reativam sua militância cinematográfica com um envolvimento politico contra a ditadura. Em 1972, no Rio se cria o Cineclube Glauber Rocha e a reorganização da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro. Em 1973, houve a reestruturação do CNC, e em 1974 ocorreu a VII Jornada de Cineclubes. O cineclubismo constituiu-se como espaço coletivo para a discussão estética e política de resistência à ditadura.
Em Goiânia foi criado o Cineclube Antônio das Mortes, no ano de 1977, por estudantes e militantes do movimento estudantil, na Universidade Federal de Goiás. Em 1978 a entidade foi formada por Ricardo Musse, Herondes César, Lourival Belém Júnior, Benedito Castro, Leonardo de Camargo, Antônio Carlos de Gusmão, Oto Vale Araújo, Judas Tadeu Porto, Estelino Filho e Joaquim Moura Filho, com o tempo, outros membros integraram o cineclube, Márcio Belém, Guaralice Paulista, Maria Noemi Araújo, Lisandro Nogueira, Eudaldo Guimarães, Divino José e Hélio de Brito. Exibindo e debatendo filmes, realizando pesquisa e estudo sobre as estéticas cinematográficas, e a produção de filmes experimentais em super-8 e 16mm.
As informações e dados neste texto foram recopilados nos artigos “Cinema do Povo, o primeiro cineclube” do pesquisador Felipe Macedo, “Cineclubismo: uma historia do Cineclube Antonio das Mortes” da pesquisadora Marina da Costa Campos e do livro “Cinema e Memória do Século XX” de Jacqueline Mouesca e Carlos Orellana. A finalidade deste texto e apresentar uma cronologia sobre a historia do Cineclubismo e sua influencia na produção cinematográfica e seu papel no resgate da historia do cinema, assim como na criação de cinematecas e festivais que propulsionam o cinema como uma das grandes expressões da arte, da cultura e da vida.

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