CINECLUBISMO NA AMERICA DE LOS HERMANOS

Para o curso de Cinema Latino-americano realizado no Cine UFG, com a parceria da Área de Espanhol da Faculdade de Letras da universidade Federal de Goiás, analisando e realizando a cronologia da historia do cinema, se definem dois períodos da cinematografia. Na primeira, a transformação do cinema latino-americano como uma plataforma econômica de produção e a segunda com a presença dos cineclubes, das cinematecas e do Cine Arte principalmente, a partir do mediado do século passado em que as influencias de outras realidades interferem no analise, na exibição e na produção criativa e crítica.
A primeira exibição do Cinematografo dos irmãos Lumière se produz no dia 28 de dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café, no Boulevard des Capucines. No ano seguinte se realizam as exibições na argentina, Guatemala, Uruguai e no México, onde se realiza uma exibição do cinematografo Lumière exclusivo para o presidente Porfirio Díaz. Em 1897 se exibe na Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela. O Frances Eugene Py realiza o primeiro filme na Argentina, “A bandeira Argentina” e em Cuba se realiza o primeiro documentário feito por Gabriel Veyre.
Em 1910, Estados Unidos contava com 11 mil salas de cinema, sendo uma área produtiva em expansão e com grande potencial econômico, assim como ideológico. Nesse mesmo ano, Argentina e Chile Realizam filmes documentários sobre o centenário da independência. México expande suas Salas de Cinema, também com a comemoração de seu Centenário de Independência e começa a Indústria cinematográfica mexicana. A Revolução Mexicana é o grande laboratório dos cineastas e vinte anos depois o cinema e a pintura de Frida Kahlo e os muralistas Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e José Orozco, entre outros, configuram oficialmente a identidade cultural Nacional associada à Revolução Mexicana.
México e a principal indústria cinematográfica do continente, o Cinema e a terceira indústria de importância do país, difusora da identidade e a cultura mexicana na América hispânica. Em 1934 produziu 40 filmes e nove anos depois já produzia 77 filmes por ano. Aparecendo novos estúdios como Clasa (1935), Asteca (1939) e Churubusco (1945). A presença de realizadores internacionais influenciou profundamente e positivamente a cinematografia mexicana. O russo Serguei Eisenstein (1931) filma “Que Viva México”, lembrando a importância deste realizador na montagem e na estética cinematográfica, e Luís Buñuel (1946), que se exiliou no país depois da Guerra Civil espanhola. O reconhecimento ao cinema mexicano chega em 1938, no Festival de Veneza, o camarógrafo Gabriel “Indio” Figueroa, Recebe o premio a melhor fotografia por “Allá en el Rancho grande” e em 1946, a Palma de Ouro de Cannes por “Maria Candelária” de Emilio Fernández. “A Época de Ouro” se da com celebridades com Maria Felix, Dolores del Rio, Jorge Negrete e Cantinflas. Em 1949, México realizou 107 filmes.
Argentina apresenta uma produção significativa principalmente com filmes populares e musicais, com a presença de Carlos Gardel, um mito argentino. A abertura de estúdios que garantem uma consolidação na produção cinematográfica, assim como a “Argentina Sono” e Lumiton (1933), onde se realizam aproximadamente 50 filmes anuais e aparece um Star System com estrelas como Luis Sandrini, Pepe Arias, Libertad Lamarque, Nini Marshall, Hugo del Carril, as irmãs Legrand, Mecha Ortiz entre outras. Argentina tem 1690 salas de cinema.
Em 1914, no Chile, Victor Vallade e Adolfo Urzua Rozas criam a empresa Franco-Chile Film Co. e realizam o filme “El Boleto de Loteria” de Jorge Délano. No Deserto de Atacama, na cidade de Antofagasta, se transforma na Hollywood chilensis, o principal centro de produção cinematográfica chilena, produzindo seis filmes dos nove realizados em 1927. A Corporação de Fomento do Chile (CORFO) promove o desenvolvimento da indústria do Cinema Nacional, inaugurando o Estúdio Chile Films e depois de sete anos, em 1949, o Estúdio será desmantelado. Em 1942 o Chile tem 252 salas de cinema e uma produção cinematográfica insignificante.
Os cineclubes passam a ter importância na exibição de filmes, no analise e também na produção audiovisual. Em 1923, Na residencial de Estudantes de Madrid se realizam as primeiras exibições do Cineclube organizado no mundo. Participam Buñuel, Dalí, Garcia Lorca, Alberti, entre outros. Em 1932, no México funda-se o primeiro Cineclube Mexicano. Em 1936, em Paris funda-se a Cinemateca Francesa. Em 1955, nos chamados “Diálogos Nacionais de Salamanca”, na Espanha, organizado pelo Cineclube da Cidade e a revista “Objetivo”, os cineastas e intelectuais espanhóis sintetizam a realidade do cinema espanhol, baixo a proteção do ditador Francisco Franco, qualificando-o de ‘Politicamente ineficaz, socialmente falso, intelectualmente ínfimo, esteticamente nulo e industrialmente raquítico’, sendo assim, os cineclubes aproximavam os realizadores de seu público, estimulava o desenvolvimento intelectual e a troca de ideias, provocando um dialogo entre o fazer e o assistir.
Em 1960, funda-se a Federação Nacional de Cineclubes do Chile. Dois anos depois se cria o Cineclube de Viña del Mar, onde se realizará em 1967, o 1º Festival de Cine Nuevo Latino-americano e o 1º Encontro de Cineastas Latino-americanos, onde se encontraram nomes como chileno Aldo França, argentino Octavio Getino, argentino Eliseo Subiela, boliviano Jorge Sanjinés, cubano Santiago Alvares, cubano Humberto Solás, entre outros. Um ano antes se realiza a co-produção “ABC do amor”, trilogia narrada pelo argentino Rodolfo Kuhn, o brasileiro Eduardo Coutinho, que substituiu Glauber Rocha que deveria fazer a visão brasileira, e o chileno Helvio Soto. Influenciados pelas cinematografias dos Cineclubes, das Cinematecas e do Cine Arte estes realizadores se comprometem politicamente na transformação de um cinema revolucionário e a transformação social. Correntes cinematográficas influenciam a percepção dos realizadores, o cinema oriental, o expressionismo alemão, o surrealismo francês, o neorrealismo italiano e as experiências da Novellle Vougue afastam a cinematografia de Hollywood. Além da influencia cinematográfica, os estímulos da época, a efervescência política, as experiências revolucionarias de Cuba, a resistência de Vietnã, a ditadura militar brasileira e a implantação do Ato institucional nº 5 e os ares de mudança da primavera de 68. Fazem do cinema e do cineclubismo uma instancia de discussão, construção e transformação social.
Em Goiás, na atualidade, o Cineclube esta consolidando o seu papel de questionamento da sociedade, do gênero, do racismo, da educação, da cultura e principalmente na realização e produção cinematográfica, tanto nos festivais que incorporam os cineclubes e seus realizadores, nas modalidades de premiação, abrindo oportunidades para que os cineclubistas possam elaborar novas propostas criativas. As parcerias entre os cineclubes e as instituições educacionais, universitárias, culturais e sociais, nos levam a confirmar: Viva o cinema goiano e brasileiro e viva o cineclubismo.

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