CINECLUBISMO E FESTIVAIS DE CINEMA

Muitos perguntam o que é um Cineclube, mesmo ele existindo em Goiás desde os anos 60, o desconhecimento das ações e objetivos dos cineclubes é impressionante. O Cineclube tem um papel importante na educação audiovisual, sua metodologia se diferencia da educação formal pela proposta de democratização e a horizontalidade no processo de aprendizagem. Qualquer espectador transforma-se em educador, pois a bagagem cultural, a tolerância e diversidade incorporam elementos novos no processo educativo e no analise de um filme.
Más entre as ações do Cineclube, as exibições de filmes com debate, são uma das mais conhecidas atividades. Ao analisar o histórico do Cineclubismo Goiano, encontramos a presença de uma militância criativa, muitos cineclubistas perceberam que debater um filme após a exibição abriam novas inquietudes e a necessidade também de recriar a realidade através de realização de seus próprios sonhos e fantasias. Nos anos 70, os cineclubistas do Antonio das Mortes, começam a produzir filmes que fazem parte da historia da cinematografia de Goiás. Nomes como Eudaldo Guimarães, Beto Leão, Paulo Abreu, Elifaz Rodriguez, Lourival Belém, entre outros, participaram na criação da ABD/GO e muitos definiram o Cinema como seu meio de subsistência e projeto de Vida.
A produção cinematográfica cineclubista começa com a Cooperativa de Produção a partir dos anos 80, filmes como “Quintessência” de Lourival Belém Jr, de 1982, rodado em 16 mm, retratando uma bailarina que visita espaços de um hospital psiquiátrico. Pedro Augusto de Brito realiza “Ventos de Lizarda” rodado em 16 mm em 1982, enfocando as superstições, costumes e religiosidade do extremo norte goiano. Divino Inácio realiza “Imagem de Trabalhadores” realizado em Super 8 mm, produzido pela Pastoral da Saúde de Itapuranga em 1981. Helio de Brito faz “Homem que veio dos Patis”, uma tragédia Greco-Goiana, rodado em 1983. Um dos Realizadores que continua produzindo e participando dos cineclubes, Eudaldo Guimarães participa de varias obras na equipe de produção, realiza o documentário “Nosso Cinema, Aspectos a sua Gente” rodado em 16 mm, fazendo um painel sobre os cineastas independentes e os cineclubistas de Goiânia. Dados extraídos do texto de Beto Leão e Eduardo Benfica, “Goiás no século do Cinema”, publicado em Mnemocine.com.br em 02.05.2009.
Na atualidade, os cineclubes realizam filmes como uma forma de exercitar a sua criação e extrapolar as atividades, produzindo novos sonhos, a partir do olhar aperfeiçoado e debatido em tantas sessões de cinema. Isso não quer dizer que as produções realizadas pelos cineclubistas sejam obras de arte, mas uma necessidade de exteriorizar a criatividade. A partir da produção audiovisual sentimos a necessidade de mostrar os filmes realizados, assim nos Encontros Cineclubistas, geralmente realizados em Festivais de Cinema, começou a ganhar espaço e gerou a criação de categorias especificas para produções de Cineclubistas nos festivais.
Hoje os cineclubes realizam Encontros em Festivais nas cidades de Acreúna, Faina, Goiás, Pirenópolis e Senador Canedo. Destaco o Acreúna Festival Internacional de Cinema, que nasce a partir da realização do 1º encontro de Cineclubes de Acreúna em 2017, onde os Cineclubes realizaram a Curadoria e participaram do Jurado das categorias competitivas em 2018. Em 2019, o Festival será realizado entre 24 a 27 de abril e novamente contaremos com a parceria entre a União de Cineclubes de Goiânia e o Coordenador Ruyter Fernandes, diretor de Cultura da Prefeitura Municipal de Acreúna, Cineclubista do 7ª Arte e fundador do IBRAC. Nesta edição do Encontro Cineclubista será realizada a eleição da nova diretoria da União de Cineclubes de Goiás, uma associação que reúne os cineclubes do Estado de Goiás.
Outro festival que nos últimos anos recebe uma parceria importante com a participação dos cineclubistas é o Festival de Faina, que neste ano será realizado no dia 30 de março, na Câmara de Vereadores. Realizado por Weslle Fellippe de Araújo, do Cineclube Sady Baby. Neste Festival também temos uma categoria para os cineclubistas. O Festival Curta Canedo, realizado por Carmelita Gomes, produtora cultural e responsável pelo Jornal Imprensa Criativa, parceira dos cineclubes desde 2017, que homenageou o Artista plástico Noé Luiz da Mota, cineclubista da Catedral das Artes e atualmente um prolifero realizador audiovisual. No 3ª Curta Canedo, o Homenageado foi o Cineclubista Eudaldo Guimarães. A 4ª Edição do Curta Canedo se realizará no mês de Agosto, com data a definir.
O FICA em Goiás é uma parceria constante pela coordenação de Eudaldo Guimarães, Cineclubista do Antonio das Mortes e o fornecimento da logística do FICA Itinerante aos diversos festivais de Cinema e a criação de novos cineclubes espalhados pelo Estado. Os Cineclubes realizaram em 2017, o 1º Encontro cineclubista de Pirenópolis, em parceria com o Festival Piridoc é estamos programando a realização do 2º Encontro, com a coordenação do cineclubista Walker Leal, do Cineclube Pirineus. Em Aragarças, os cineclubistas se reuniram ao Fica Itinerante e a Prefeitura Municipal de Aragarças para realização da Mostra de filmes cineclubistas no Festival Multicultura Zélia Dinis.
A parceria mais douradora entre Cineclubismo e Festivais, acontece na cidade de Anápolis. Coordenado pelo Cineclubista Luiz Eduardo Rosa, do Cineclube Xicara da Silva. Neste ano, o Anápolis Festival de Cinema, realizado no mês de fevereiro, se realizou a 7ª Edição do Encontro Anápolis de Cineclube, o encontro mais longevo no Estado de Goiás e o que estimula a realização de novos encontros em outras cidades e assim fortalecer o cineclubismo no estado. Em 2014, se gestou a ideia de criar a União de Cineclubes Goianos que escolheu a sua primeira diretoria no FICA em 2017.
Algumas produções audiovisuais cineclubistas atuais encontramos o filme “Terra Rasgada” de Noé Luiz da Mota, cineclubista da Catedral das Artes de Goiânia, um filme que questiona os problemas ambientais e a escassez da água. “O Encontro com o Outro” de Silvana Silva, cineclubista de Senador Canedo, um filme de terror, realizado em preto e branco. “Y Love you Cuba” de Ruyter Fernandez cineclubista de Acreúna, um filme narrando as experiências do realizador no país de Mabis, sua companheira. “Chilenos em Goiás” de Francisco Lillo, narra às historia e experiências de chilenos radicados em Goiânia.
Novos Encontros estão sendo programados para o futuro, nas cidades de Aragarças para realizar um encontro do Centro-Oeste, outros em Itumbiara, Caldas Novas e Alto Paraiso. Buscamos sempre novas parcerias para fortalecer o movimento cineclubista e assim mostrar o Audiovisual goiano para os goianos de forma critica, para o crescimento desta atividade econômica e cultural tão importante para nosso estado se posicionar no auge da produção nacional, pela sua quantidade, mas principalmente pela sua qualidade.

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