CINE IMIGRAÇÃO: CHILENOS EM GOIÂNIA, UMA FORMA DE TRASPASSAR AS FRONTEIRA ATRAVÉS DO CINEMA.
Introdução
Goiânia é uma cidade localizada na região centro-oeste do Brasil, com uma
população de 1.300 mil habitantes com uma renda per capita de 13 mil reais. Uma cidade
nova, que foi criada na década de 30 e que atraiu população dos estados do sudeste,
minas e rio de janeiro, Norte e Nordeste, principalmente do Maranhão.
Goiânia também passou a atrair imigrantes de fora do país, devido a sua qualidade
de vida e sua carência de mão de obra qualificada. A migração inicial na região se deu
com os imigrantes de regiões do oriente médio, sejam eles, palestinos, libaneses, sírios,
iranianos entre outros, que chegaram ao estado, dedicados ao comercio. São os famosos
“Turcos”, apelido que odeiam, muitos chegaram ao país com passaporte do Império turco
Otomano, que dominava os territórios até o período de entre guerras.
Goiânia consta de uma população importante de Japoneses, que se reúnem no
clube Kaikán no setor de Itatiaia. Expressando toda sua cultura e tradições na Festa Bom
Odori em Agosto. Comunidade importante na contribuição cultural e econômica para a
cidade.
1. Cine imigração: chilenos em Goiânia
Um segmento importante de imigrantes são “Los hermanos” formada por
argentinos, bolivianos, colombianos, chilenos, peruanos e venezuelanos. Estes imigrantes
formam um grupo que se desenvolveram economicamente como professores de
espanhol, devido à importância que o governo brasileiro definiu este idioma para o
processo de integração do país com os “hermanos” do continente. Claro que alguns
professores preservaram a sua origem e continuaram em Goiânia dando aulas em suas
disciplinas tradicionais, como e o caso de professores de matemática, ciências e outras
disciplinas, principalmente nas Universidades Públicas.
A comunidade chilena em Goiânia, não é grande, comparada com as outras
comunidades latino-americanas, que não estão organizadas e também comparadas com
as outras comunidades chilenas presentes em regiões mais cosmopolitas como são Rio
de janeiro, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Os eventos comemorativos nestas
comunidades reúnem aproximadamente 10 mil chilenos reunidos em 10 grupos folclóricos
atuantes no Brasil, para preservar as tradições e os afetos com a terra natal. Em Goiânia,
a característica principal da comunidade Chilena e a chegada dos imigrantes por vínculos
matrimoniais. Trata-se de uma comunidade de aproximadamente 100 integrantes entre
chilenos, esposas e filhos. Com uma porcentagem considerável de chilenos casados com
brasileira e que tem filhos com dupla nacionalidade. A porção de residentes que vieram
para Goiânia por que suas conjugues são goianas ou trabalham em Goiânia é
significativa. Com o crescimento dos filhos a permanência na cidade e no estado acaba
ficando definitiva.
Com a distancia de sua terra natal e o acirramento do nacionalismo que aflora com
o transcurso dos anos a necessidade de socializar entre os imigrantes chilenos é muito
grande e as oportunidades de reunir-se se produzem principalmente no mês de setembro
pela festividade do dia 18 de setembro, efeméride que celebra a Independência do Chile
do jugo Hispânico no século XIX. Podem-se comparar as “Festas Pátrias” ao Carnaval
brasileiro, devido a suas festividades, as escolas e as universidades fecham durante a
semana, os trabalhadores disfrutam do feriado do dia 18 e 19, este ultimo como
homenagem a bandeira. O Chile se transforma em uma grande “Fonda” lugar rudimentar
e campestre, onde se comemora ao som da música regional “a cueca” e as cumbias
caribenhas que transgrediram estas festividades. Além disso, se comemora bebendo um
copo de chicha, um estilo de licor de uva fermentada e empanada chilena, uma espécie
de pastelão recheado de carne, com uva passa, ovo e azeitona preta.
2. Cinema chileno no Brasil
Um dos representantes do cine imigração chileno é o diretor Jorge Durán. Nascido
em 1942 e reside no Brasil desde 1973, depois do Golpe de estado de Pinochet e a
derrocada do presidente constitucional Salvador Allende. Mora no Rio de Janeiro e dá
aulas de roteiro na universidade Gama Filho. Participou como roteirista em diversos filmes
brasileiros e foi o parceiro de Hector Babenco em filmes como “Lucio Flavio, o passageiro
da agonia” de 1977, “Pixote, a lei do mais fraco” de 1981 e “o beijo da mulher aranha” de
1984, também foi roteirista de “Gaijin, caminho de liberdade” de 1979, da diretora Tizuka
Yamasaki e filmes mais recentes como “Nunca fomos tão felizes” de 1984 e “como
nascem os anjos” de 1996 de Murilo Salles. Em 1978, estreou como diretor como o filme
“O Escolhido de Iemanjá”.
Sobre sua lembrança politica no Chile, Durán declara ao jornalista Pedro Augusto
Souza que “Havia acabado de produzir e rodar um filme sobre a esquerda armada no
Chile, o movimento jovem revolucionário, quando ocorreu o golpe militar. Isso já o deixou
muito assustado. Depois de um tempo, foi preso. Não sabe o porquê. Não perguntaram
nada sobre filme, apenas sobre o período na universidade e a família da ex-mulher, que
era comunista. Um primo dele, que era policial, negociou e conseguiu sua libertação.
Desde então, ficou na expectativa de quando seria preso novamente. Conseguiu uma
autorização para ir pro Brasil, compro a passagem de avião e veio”. Assim ele explica a
sua chegada ao Brasil e fecha um período de medo e insegurança vindo ao Brasil e
desenvolvendo uma carreira Professional consolidada e significativa.
Durante a ditadura militar a cinematografia chilena pode ser dividida em o “Cinema
de dentro”, aquele realizado sem temas políticos, sem recursos estatais e de forma
artesanal, para uma plateia amedrontada com uma ditadura castradora e violenta com os
direitos humanos, que assassinou, torturou e desapareceu com seus opositores, assim
muitos dos realizadores cinematográficos tiveram que partir para o exilio, devido a seu
compromisso político, geralmente simpatizantes das transformações sociais
desenvolvidas pelo governo do Presidente Salvador Allende. Este foi o inicio da
cinematografia denominada “Cinema Chileno no exilio”, que contou com nomes
importantes como Raul Ruiz, Miguel Littin, Sebastián Alarcón, Patricio Guzmán e Jorge
Durán. Este período cinematográfico foi marcado pela realização do cinema chileno
espalhado pelo mundo, nas regiões mais distantes do CONE-sul. Filmes de realizadores
chilenos foram filmados em países como Suécia, Francia, URSS, México, Cuba e Brasil.
Os “temas chilenos” falam da cultura chilena preservada pelos exiliados e as dificuldades
de adaptação e a “saudade” de sua terra enfrentada por falta opção.
Em seu livro, “Huerfanos y Perdido”, Ascanio Cavallo, diz que em 11 de março de
1990, o General Pinochet entregou a Presidência do Chile a Patricio Aylwin, primeiro
mandatário eleito por votação popular depois de 20 anos. Este ato, o principal da
restauração da democracia trás 17 anos de regime autoritário, significou a pacificação do
país, a reconciliação entre as facções que estiveram enfrentadas durante as anteriores
três décadas e a recuperação das liberdades públicas e isto estará projetado nos ciclos
de cinema chileno realizado em Goiânia.
No Brasil, o filme “A cor de seu destino” do diretor Jorge Durán, realizado em 1986,
uma das realizações mais representativas deste cinema do exilio chileno. Narra a historia
de uma família exiliada chilena, formada por um chileno e uma brasileira que perderam
um dos filhos, assassinado pelos militares e que o filho menor cresceu com a dicotomia
de ser nascido no Chile, mas que todo seu desenvolvimento cultural foi adquirido no
Brasil. Uma família com um passado triste e que desejam esquecer, mas a chegada de
uma sobrinha que vem fugindo do regime militar de Pinochet, vai mudar as rotinas da
família. O processo de adaptação da menina leva a família a reviver os velhos conflitos e
os perigos vividos no Chile.
A próxima realização de Durán trata-se de um romance policial que deve ser
rodado entre a cidade do Rio de janeiro e o Deserto de Atacama, no Norte do Chile. Com
o roteiro premiado pelo concurso de roteiros da Secretaria do Estado do Rio de janeiro e
realizado pela produtora de Durán, “El Desierto Filmes” que contará como com apoios de
produtores chilenos e a produtora brasileira. Em uma simbiose interessante entre as
combinações entre imigração e cinema, faz de Jorge Durán um referente importante do
processo de aculturação vivenciada entre ambas as nações, incorporando valores e
priorizando princípios para a construção de uma imagem visual singular e migrante.
3. Cinema chileno em Goiânia
Jorge Durán apresentou em Goiânia seu filme “A cor do seu destino”, no 2º Festival
de cinema latino-americano, Perroloco, em 2008. O festival estava dedicado ao tema da
Fronteira e exibiu 61 filmes de realizadores universitários, seis animações, 19
documentários e 36 ficções. Além desta atividade o filme de Jorge Durán marcou a
primeira atividade cultural da comunidade chilena em Goiânia. Contando com a
autorização do realizador o filme foi apresentado no Cinema Ouro, da prefeitura de
Goiânia, no dia 18 de setembro de 2011, onde se reuniram aproximadamente 25 chilenos
e amigos para comemorar a independência do Chile.
No Festival Perroloco, foi apresentado o curso “Cinema Latino-americano, Uma
fronteira com Los hermanos”, pelo professor Francisco Lillo Biagetti, mestre em
comunicação social e professor de historia e geografia, formado pela Universidade de
Tarapacá de Arica. O curso realizava uma radiografia do desenvolvimento do cinema
latino-americano, a sua evolução, inspirado no Realismo mágico italiano e no nouvelle
vogue francês. O seu compromisso político nos anos 60 e 70, o caminho do exilio nos 80,
a retomada democrática dos 90 e o aparecimento das escolas de cinema no século XXI,
que espalhou o método de realização cinematográfica, a través de modelos referenciais
de mercado e de sucesso nos diversos festivais espalhados no continente.
No ano de 2011, além do filme de Jorge Durán, a comunidade chilena, organizou
uma reunião no Instituto hispânico, para a comunidade chilena, família e amigos. Nesta
reunião foi ambientada com as melodias tradicionais de Chile, “a Cueca” e muitas
empanadas. Estes dois eventos marcaram o inicio das comemorações da semana pátria.
Estes eventos permitiram que a comunidade chilena se consolidasse. Muitas atividades
fraternas e recreativas se desenvolveram nos meses seguintes de 2011 e os seguintes
meses de 2012, o que consolidou definitivamente a comunidade chilena em Goiânia.
Durando o transcurso do ano 2012, a comunidade chilena realizou dois ciclos de
cinema chileno no Cinema Ouro de Goiânia, com a direção de Antônio da Mata, no Centro
Cultural, a realização e utilização do espaço permitiu a difusão da mostra chilena. Da
mata, foi responsável pela mostra pictográfica realizada em 2009, no espaço cultural da
Fundação Jorge Câmara. A produção e curadoria foi responsabilidade de Malu da Cunha.
Em “Chile pinta o Brasil” os alunos da Universidade Tecnológica Metropolitana de
Santiago de Chile realizam uma troca de experiência enriquecedoras e significativas da
arte chilena em Goiânia.
A primeira mostra de cinema chileno se realizou nos dias 1 a 10 de fevereiro de
2012 e contou com a exibição de 10 filmes chilenos. O cinema chileno que vem passando
por um processo de crescimento que acompanha a ascensão econômica. Tanto em
qualidade como em quantidade o cinema vem representando a diversidade da realidade
nacional. O Chile é um país isolado entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico.
Este ciclo de cinema apresenta uma radiografia desta realidade. Passando por filmes do
início do cinema chileno, como é o caso do filme de 1925, documentários e filmes de
ficção. Nesta mostra se apresentaram filmes como o “Husar da morte”, do diretor Pedro
Sienna, de 1925, restaurado nos anos 90. Filme biográfico das aventuras lendárias do
popular revolucionário patriota Manuel Rodrigues, entre 1814 e sua morte.
O Primeiro ciclo de cinema chileno que constou de uma diversidade de temáticas
que vão desde documentários políticos como o filme “Salvador Allende”, de Patricio
Guzmán, filme de 2005, que relata a historia e o significado do Presidente chileno que foi
derrocado por Pinochet e que se transformou em um mito latino-americano. Foi o filme
que teve maior público da mostra, isso se deve a referencia histórica e lendária do
Presidente com a esquerda brasileira. Um segundo filme também documentário, se trata
de “A cidade dos fotógrafos”, filme dirigido por Sebastian Moreno, de 2006, e narra o
drama e as aventuras dos fotógrafos chilenos e latino-americanos nos anos difíceis da
ditadura nos anos 80, mostrando a difícil relação do professionais gráficos, principalmente
os AFI (Associação dos Fotógrafos Independentes) com a repressão pinochetista. O
drama “Machuca”, do diretor Andrés Wood, de 2003, foi um filme que mostra uma
experiência pedagógica realizada no Colégio Americano Sant Patrick, onde por iniciativa
do direto, incorpora alunos pobres junto com jovens da classe media alta de Santiago.
Devido ao conflito politico da queda do presidente Allende, o filme se transforma em uma
caixa de surpresa.
A historia e a cultura chilena estiveram presentes no filme “Subterra”, de Marcelo
Ferrara, realizado em 2003, narra a historia da dificuldade dos mineiros do carvão, no
século XIX, o estilo de vida na cidade de Lota, no sul do país. Os conflitos na luta de
classes e as greves em busca de novas conquistas pela dignidade do trabalhador chileno.
“Mi mejor enemigo” do realizador Alex Bowen Carranza, narra o conflito limítrofe entre
Chile e a Argentina, em 1978, pelas ilhas no estreito de Magalhães e que se não fosse
pela mediação papal teria terminado com um conflito bélico de proporções significativas,
porque ambos os países estavam submergidos em conflitos internos de segurança
nacional, subversão marxista, de acordo com os ditadores de plantão. O diretor Ricardo
Larrain e o realizador de “A Fronteira”, realizado em 1991, primeiro ano do retorno
democrático no país, o denuncia das violações dos direitos humanos e este filme narra a
historia de Ramiro Orellana, um relegado politico enviado a uma cidade de interior
distante de todas as manifestações políticas de Santiago. “A Fronteira” e um filme
premiado em diversos festivais mundiais e foi uma manifestação democrática para um
país que estava saindo de uma ditadura violenta que demorou 17 anos.
Finalmente o primeiro ciclo de cinema chileno concluiu com três filmes de caráter
idiossincrático, mostrando a chilenidade e as singularidades de um Chile democrático com
os conflitos de uma sociedade moderna e ocidental. A individualidade, a violência e o
oportunismo são os temas discutidos nestes filmes. “El Rey de los Huevones” do diretor e
ator Boris Quercia, de 2006, comedia critica que narra a historia do taxista Anselmo que
encontra uma grande quantidade de dinheiro em seu taxi e o entrega a autoridade,
ganhando o apelido do titulo do filme, em português uma tradução livre ficaria “O rei dos
trouxas”. O diretor Sebastián Araya, realiza o filme “Azul y Blanco” de 2004, que narra as
intrigas, a violência e os conflitos entre torcidas organizadas. Um filme ao estilo de
Romeu e Julieta entre torcedores das maiores torcidas organizadas do país, as do Colocolo
e da Universidade do Chile. O filme que completa o Ciclo e “A cor de seu destino” de
1986 do diretor chileno Jorge Durán, que estabelece o tema da migração chilena no
Brasil.
O segundo ciclo de cinema chileno foi realizado no Cinema Goiânia-Ouro, realizado
entre os dias 15 a 18 de setembro de 2012, contou com clássicos do cinema chileno entre
eles o filme de Alejandro Jodoroswky, realizado no México em coprodução com o Chile,
em 1970, um western exotérico, narrando à saga de um pistoleiro em sua jornada de
peregrinação mística de superação. Outro filme clássico e “El Chacal de Nahueltoro”, do
diretor Miguel Littin, de 1969. Uma obra prima do diretor que inspirado pelo Neorrealismo
italiano contara a historia do sentenciado a morte pelo crime de uma mãe e seus cinco
filhos.
A política esta presente na cinematografia chilena, dois filmes estão presentes
neste ciclo, os documentários “La Calle Santa fé”, realizada por Carmen Castillo, em
2007. Narra a captura do líder do MIR (Movimento de esquerda Revolucionaria) mais
procurado pela ditadura Pinochet. O “Estadio Nacional” filme realizado em 2002, pela
documentarista Carmen Luz Parot, conta as torturas e crueldades acontecidas no estádio
nacional, transformado em campo de concentração durante os primeiros dias da ditadura
Pinochet.
O cinema post ditadura também esteve presente na mostra, sendo os filmes
“Caluga o Menta” do diretor Gonzalo Justiniano, de 1990, mostra a realidade dos jovens
de periferia no retorno ao sistema democrático, a desilusão, a falta de esperança e a
violência fazem parte desta realidade. Gustavo Graef-Marino, em uma coprodução
chilena, mexicana e espanhola. Filme de 1993, conta um fato verídico, um assalto a uma
casa de cambio ilegal no centro de Santiago e suas implicâncias em um país em
transformação democrática. Cristóbal Valderrama realiza o filme “Malta com Huevos”,
filme de 2007. As dificuldades dos jovens na adaptação da vida adulta, a liberdade, o
pagamento das contas e o namoro são as situações deste filme.
“La Nana” do diretor Sebastián Silva, realizado em 2009, narra a historia de uma
baba que trabalha para uma família de classe alta e que tem muitos conflitos com os
outros empregados. O egoísmo, a falta de tolerância e o racismo são alguns dos temas
abordados neste filme. “Chile Puede”, filme de Ricardo Larrain, realizado em 2008. Uma
comedia que critica o elitismo e o nacionalismo chileno de forma divertida, mas acida.
Finalizando, o filme “La vida de los Peces” de 2010, realizado por Matías Bize. Criticando
a realidade nacional, a política e a migração, desta vez não politica, senão econômica por
melhores oportunidades na Alemanha.
Na segunda Semana do Audiovisual da UEG, realizada no dia 25 de setembro de
2012, foi apresentado o trabalho “Cinema e imigração: as realizações cinematográficas
entre Brasil e o Chile”, uma investigação sobre os laços de amizade entre ambos os
países. Tomando dois períodos representativos como a ditadura militar e os processos
democráticos que relacionam a partir de migração e o exilio. No resumo observamos que
as relações de amizade entre Brasil e o Chile, na atualidade, se dão pelo bom
desempenho econômico de ambos os países. Esta relação esta presente tanto na
literatura como no cinema. Este documento intenta fazer uma aproximação dessa relação,
enfocando dois momentos importantes, o auge político vivido por muitos brasileiros
exilados no Chile e a ditadura militar na década de 70 e a relação dos imigrantes chilenos
no Brasil. Finalmente a situação atual com a revisão histórica e a nostalgia dos projetos
políticos em comum. O cinema como revisão da história e como nexo entre duas nações
que não possuem fronteira territorial, mas que experimentam uma aproximação no
processo histórico.
Em setembro de 2013, se projetou o filme “Violeta se fue a los cielos” do diretor
André Wood, filme de 2011 que narra à vida e obra da artista chilena com maior
transcendência internacional. Trata-se de Violeta Parra, uma mulher conflitiva e criativa
que representar o sentir do chileno do campo e sua procura pela realização artística e
pela preservação dos costumes e cultura chilena. Este evento marcou a comemoração do
dia da Independência no Chile e o evento de maior significação patriótica do nacionalismo
chileno, que não pode estar ausente nem mesmo em Goiânia. O filme foi exibido no
cinema Goiânia-Ouro com presença da comunidade chilena na cidade.
Considerações Finais
A comunidade chilena em Goiânia está presente em através do cinema, com
mostras de filmes que permitem representar e dar um panorama da cultura, dos valores e
as tradições preponderantes a través do conceito de “chilenidade” presente no
nacionalismo fortalecido com a imigração e a aculturação que permeia a comunidade pela
troca e o convívio com os brasileiros e principalmente com o goiano. Octavio Getino, em
seu livro “Cine y televisión em América Latina” em como qualquer outra indústria cultural,
o cinema consiste basicamente no desenho, a produção e a comercialização de
manufaturas destinadas especificamente a transmissão de conteúdo simbólico e assim
estão condicionadas por um complexo sistema de condições econômicas, culturais e
politicas, próprias de cada país, porem, crescentemente inter-relacionadas com o universo
das indústrias dedicadas a cultura, as comunicações sociais e ao entretenimento a nível
mundial, interferindo e influenciando segmentos significativos de comunidades externas
ao país.
O próximo projeto que esta sendo programado para o ano de 2014 e a realização
de documentários em vídeo para registrar as experiências vividas pelos chilenos em
terras goianas, seus sonhos, sua realidade e principalmente a projeção profissional e
emocional dos chilenos em Goiás. Os laços fraternais entre chilenos e goianos se dá pela
presença de chilenos na educação, como professores de língua espanhola, onde os
alunos tem contato com uma língua nova e com uma cultura que está presente tanto pela
mídia televisiva que constantemente esta fazendo referencia sobre os altos Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH), qualidade de educação e melhoria econômica.
Referências
CAVALLO, A.; DOUZET, P.; RODRIGUEZ, C. Huerfanos y perdidos, Santiago: Ed.
Grijaldo, 1999.
FONSELA, R. Após 35 anos Jorge Duran volta filmar, em sua terra natal, O Globo,
http://oglobo.globo.com/cultura. Acesso em: 09 maio 2012.
GETINO, O. Cine y Televisión en América Latina, Santiago, LOM Ediciones, 1998.
LILLO, F.J. As realizações cinematográficas entre Chile e Brasil, Goiânia, 2012.
MOUESCA, J. El cine en Chile: crónica en tres tiempos, Santiago, Ed. Planeta, 1997.
III SEMANA DO AUDIOVISUAL DA UEG (IIISAU)
AUDIOVISUAL E TRABALHO: NOVAS
PERSPECTIVAS PARA O MERCADO REGIONAL
23 a 27 de setembro de 2013
Universidade Estadual de Goiás (UEG) – UnU Goiânia –
Laranjeiras
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