Na sessão do Cineclube Imigração temos um dos grandes realizadores do cinema francês, o chileno Raoul Ruiz. Nascido na cidade de Puerto Montt em 1941 e falecido em Paris na França em 2011. Ruiz se exilia na França em 1973, a após o sanguinário golpe militar do General Pinochet. Ruiz faz parte da geração de cineastas que se comprometeram politicamente com as transformações sociais e politicas do governo do socialista Salvador Allende. Diretores como Miguel Littin, Hevio Soto, Pedro Chasquel, Carlos Flores, Patricio Guzman, Orlando Lübbert, Aldo Francia entre tantos outros realizadores que aprenderam o cinema a través do compromisso social e o engajamento politico.
Raul Ruiz realiza nos anos 60 e 70 um cinema comprometido com as transformações que o Chile vivia. Seu filme “Três Tristes Tigres” de 1968, é uma adaptação da peça de Alejandro Sieveking, baseada no romance do escritor cubano Guilherme Cabrera Infante. Três personagens, Tito, Amanda e Lucho realizam uma viagem entre bares e cantinas da cidade tratando ocultar sua miséria. Personagens com historias de pobreza e frustrações, Tito vive na pobreza, Amanda é dançarina em um clube de adultos e ocasionalmente se prostitui e Lucho e professor que vem do interior.
“A Expropriação” filme gravado em 1971 e finalizado em 1973, na França depois do golpe militar. Mostra as ações dos habitantes do campo no sul do Chile e da Corporação da Reforma Agraria (CORA). Finalmente “Palomita Blanca” filme que será comentado pelo Cineclube Imigração, filmado no ano do golpe e somente foi estreada em 1992, logo de ser reeditada por Ruiz. Baseada na novela de Enrique Lafuorcade, escritor, critico e jornalista chileno, membro da geração literária de 1950. “Palomita Branca” foi o livro mais vendido na historia da literatura chilena, alcançando um milhão de livros vendido em sua edição de numero 64, em 2012, a obra foi traduzida a diversos idiomas. A trama da historia é a relação amorosa entre Juan Carlos e Maria. Ele um rapaz problemático, desorientado, bonito e de família abastada. Ela é uma jovem inexperiente, ingênua e pobre. Conhecem-se em um recital de hippies, e ali começam uma historia marcada por suas grandes diferenças sociais e o contexto politico da época.
Nos primeiros anos na França após o golpe militar os primeiros filmes são de denuncia sobre as atrocidades cometidas pela ditadura. Filmes sobre a dificuldade do exilio, como “Diálogos de exilados” (1974) um grupo de chilenos em paris falam sobre os problemas que afrontam no período posterior ao golpe. Sequestram e tentam reeducar a um cantor de sua terra. Primeiro filme de Ruiz na França, onde observa os gestos e retóricas das comunidades no exilio. Nesse período já estavam os exilados uruguaios e brasileiros na Europa e posteriormente se acrescentam os argentinos.
Com a permanência e fixando residência em Paris Ruiz produz filmes praticamente anualmente e passa a ser considerado um autor distinto, que criava filmes cada vez mais criativos, surrealistas, irónicos e experimentais. É, por muitos, considerado o cineasta chileno mais importante da história do Cinema.
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